quarta-feira, 8 de abril de 2009

País pobre ou país rico?

A educação e a economia

Li, há pouco tempo, o discurso de um professor catedrático brasileiro no encerramento de um curso de engenharia de uma Faculdade do Rio de Janeiro. Não fiquei nada admirado com a realidade que se vive no país irmão, nem surpreendido com a semelhança dos erros cometidos em relação à Educação e à Economia, por parte dos seus e dos nossos governantes.
Dizia ele, e muito bem, que, riqueza vem de rico e pobreza vem de pobre…
Penso, tal como ele, que está nas nossas mãos decidir o que queremos ser: ou pobres ou ricos.
Não me refiro à riqueza de bens supérfluos, carros luxuosos, jóias, dinheiro em demasia, mas, sim, aos bens necessários e suficientes para que o ser humano viva com dignidade, sem sobressaltos e conforto.
Ao contrário dos nossos governantes, que sempre nos intoxicaram com frases feitas, do género “um País evoluído mede-se pela quantidade e qualidade da sua cultura, solidariedade, justiça, saúde, economia forte, etc.”, eu penso que não. Olhando apressadamente para esta estratégia de governação, até parece que está correcto (aliás, é politicamente correcto falar-se assim).
Mas eu acho que não e o resultado, após 35 anos de gestão danosa, está à vista e dá-me razão – estamos à beira da bancarrota e sem futuro.
O que deveria ter sido feito, antes de tudo o mais, era dar-se prioridade à Educação e à Economia.
Apesar de eles dizerem que não, a governação de um País é muito semelhante à gestão da nossa casa, com a devida salvaguarda da dimensão dos dois actos de gestão.
Senão vejamos, como é que podemos, sem hipocrisias, ter solidariedade para com os outros, se nem para sobreviver condignamente nós temos condições?
Como podemos ir ao teatro, às exposições, ler livros, ir aos museus, se nem para comer temos o suficiente?
Como poderemos dar uma educação digna aos nossos filhos (paga por nós), se os ordenados mal chegam para os bens essenciais do dia a dia?
Com o país passa-se precisamente o mesmo.
E embarcámos todos no erro estratégico de dar prioridade à solidariedade, à educação obrigatória e mal direccionada, à cultura, à saúde para todos (agora parece que já não é bem para todos…).
E descuramos a economia, ou melhor, deixamos a economia abandonada nas mãos dos grandes capitalistas nacionais e internacionais (que tanto combatemos antes do 25 de Abril), como se estes se fossem comportar mais humana, respeitosa e dignamente, só porque um dia houve um 25 de Abril…
Eu acho que o grande capital rejubilou foi com o 25 de Abril: onde tudo se fez e faz em cima do joelho, onde a corrupção é incentivada e institucionalizada, onde proliferam os oportunistas que se guindam à cena política à procura de protagonismo e de enriquecerem à custa do país e isto tudo feito em nome das “conquistas de Abril”.
Devemos sim, antes de mais, dotar o país de uma economia forte, que não seja controlada por grupos económicos internacionais e não residentes.
Devemos promover uma economia, baseada no nosso conhecimento e na nossa tecnologia.
É aqui que entra a Educação: formando engenheiros e cientistas que produzam alta tecnologia e saber, made in Portugal.
Temos algumas fábricas em Portugal, é verdade, mas não passam de simples fábricas montadoras de kits electrónicos ou de motores. Praticamente só participamos com a nossa mão-de-obra barata. A tecnologia, o know-how e a mais valia gerada ficam no estrangeiro.
Nós ficamos com as migalhas e o grosso do lucro fica nos países de origem dessas fábricas.
A dependência científica e tecnológica acarretou para os portugueses a dependência económica, política e cultural.
O Japão é um país pobre em recursos naturais mas é um país rico (assim como a Finlândia, a Holanda, a Bélgica, a Dinamarca e outros tantos). Compreendeu há muito tempo que, para ser rico economicamente e independente política e culturalmente, teria de ser líder em tecnologia e saber. Os Japoneses fabricam produtos de alta tecnologia lá no Japão e montam-nos em Portugal com a nossa mão-de-obra pouco qualificada e muito barata, dando origem ao produto final – computadores, televisores, automóveis, etc. A mão-de-obra deles, altamente especializada, não pode ser desperdiçada na assemblagem desses produtos finais.
Aliás, não temos nem engenheiros que projectem, nem fábricas que produzam equipamentos de alta tecnologia, totalmente made in Portugal…
Por outro lado, nós estamos em grande desvantagem em relação aos países que há muito compreenderam isto. Não podemos nem devemos começar agora a competir com eles nas mesmas áreas do saber, onde eles já são líderes.
Temos sim de começar nas áreas que eles descuraram mas que não são menos importantes no futuro:
Apostando na formação de cientistas e técnicos vocacionados para a pesquisa e exploração da nossa vastíssima zona económica marítima – uma vantagem nossa.
Formando técnicos altamente especializados e líderes em energias alternativas e não poluentes, acabando com a dependência a nível energético e ainda exportamos os excedentes de produção e o nosso know-how.
Na formação de cientistas e engenheiros vocacionados para a pesquisa e exploração da agro-pecuária biológica uma vez que, a grande maioria dos solos portugueses está pronta para este género de agricultura – outra vantagem que nós temos.
Mas isto é o que os políticos devem fazer: descortinar novos mercados onde Portugal possa ser líder e focalizar aí os esforços da Educação e da Economia.
Só assim poderemos ser verdadeiramente independentes cultural, tecnológica, política e monetariamente em relação aos outros países.
Só assim, depois de gerarmos riqueza, poderemos ter solidariedade, ter cultura, ter um sistema de saúde mais humano e uma segurança social mais justa.
Não poderemos continuar a ter isto, à custa de subsídios vindos do estrangeiro.
Não podemos estar mais tempo à mercê da economia dos outros países, que vêm cá instalar as suas fábricas e as desinstalam quando mais lhes convém.
Basta reparar na quantidade de fábricas estrangeiras que ultimamente têm fechado em Portugal, para se irem instalar noutros países, deixando a nossa economia cada vez mais fragilizada.
São eles, os estrangeiros, que efectivamente mandam e controlam a nossa economia, porque os nossos governantes ou são incompetentes, vendidos ou incapazes.
Cabe a nós decidir, na hora de votar, se queremos ser todos mais ricos ou se queremos ser todos cada vez mais pobres.
Na hora de votar, vale a pena pensar o que é que os ditos “socialistas”, “sociais-democratas”, “esquerdistas” ou “direitistas” têm andado a fazer e a decidir por nós.
Para mim é claro, os nossos políticos têm-nos sucessivamente entretido com falsas promessas, sendo o resultado sempre o mesmo: uns já se amanharam, outros amanham-se e outros esperam pacientemente vir a amanhar-se.
É tempo de lhes dizer basta.
É tempo de virar mais uma página negra da história de Portugal: a da corrupção, do embuste, da dependência e do atraso.
É tempo de termos progresso, riqueza e justiça social.
É tempo de acabar com a pobreza.
É tempo de MUDAR PORTUGAL.
É tempo de apoiar Eduardo Correia.
É tempo de votar MMS.

Viva Portugal.


Victor Gameiro - MMS Núcleo de Castelo Branco