segunda-feira, 12 de outubro de 2009

TGV ( Train Grand Vitesse )

Todas as grandes obras públicas, são hoje planeadas e financiadas tendo por base complexos projectos financeiros, que na prática permitem ao Estado, concluir obras de elevada dimensão, sem que para isso tenha que recorrer de imediato ao aumento da dívida pública.
Como? Recorrendo ao investimento privado de longo prazo.

Estes projectos financeiros, são normalmente apoiados por sindicatos
bancários ( grupos de bancos unidos em torno de um só projecto ), que
financiam as grandes empresas construtoras, que por sua vez procedem à construção e tomam a responsabilidade da concessão, através de
empresas satélites integradas em grupos económicos subsidiários destas construtoras, que são conhecidas por concessionárias, cujos exemplos mais conhecidos são a Brisa e a Lusoponte.

Acontece porem que em Portugal só há actualmente 4 bancos com dimensão para financiar grandes projectos de infra-estruturas, e qualquer um deles está neste momento sobre exposto às actuais concessões já a
funcionar.
Daqui resulta que para financiar as grandes obras públicas que se avizinham, necessariamente teremos que recorrer a capital e bancos estrangeiros, sabendo que uma boa parte dos custos, são custos financeiros decorrentes do alargado prazo de financiamento, facilmente se conclui que através do pagamento dos respectivos juros estamos literalmente a exportar o rendimento da população activa actual e concomitantemente o das gerações futuras para os países sede desse grandes bancos internacionais.

Se considerarmos que existe um limite de tráfego quer humano quer de mercadorias, e que este se distribui actualmente pelo transporte rodoviário ( viatura própria ), transporte ferroviário normal (tipo Alfa-Pendular) e transporte aéreo ( algumas companhias de baixo- preço, vendem frequentemente passagens aéreas Lisboa-Madrid por menos de 50€ ), percebemos que o tráfego que sobra para o TGV é diminuto.

Temos ainda a questão estrutural que decorre do facto de Portugal ter um ordenado mínimo de 450€, quando em França é de 1,000€ líquidos e em
Espanha ronda os 650€, facilmente se conclui que o número de pessoas
com poder de compra para viajar no TGV, em Portugal, pode não ser o
mínimo necessário. Estaremos a construir o TGV para os turistas estrangeiros?

Com a construção de uma linha de TGV Lisboa-Madrid, a capital espanhola fica a 2 horas de Lisboa, logo podemos ir a Madrid apanhar um avião para qualquer cidade do mundo, justifica-se assim a construção de um Aeroporto da dimensão do que está planeado?

A construção de uma Linha de mercadorias, Sines-Madrid de Alta Velocidade não se justifica face ao custo de operacionalidade da mesma. Uma nova linha tipo alfa pendular, seria mais do que suficiente para transportar mercadorias, que por sinal no nosso país está na era pré-histórica, gerida pela CP.

Os TGV são fabricados na França, Alemanha, Coreia do Sul & Japão, as
linhas provavelmente serão importadas da Índia ou da China, que são os
países mais competitivos neste tipo de material, as Catenárias virão da França ou da Alemanha.

Os comboios da linha Alfa Pendular podem ser construídos em Portugal.

Há ainda a possibilidade de financiar este tipo de projectos recorrendo a recursos financeiros nacionais, nomeadamente; Fundos de Pensões nacionais, que teriam aqui uma oportunidade de aplicação de fundos ficando assim menos expostos aos turbulentos mercados internacionais, Segurança Social incluída, e pela aplicação das poupanças de empresas e particulares, em Fundos de Investimento exclusivamente, criados para o efeito.

Desta forma anularíamos a exportação de recursos financeiros que fazemos através do pagamento do capital emprestado e respectivos juros, que decorre do recurso a capital estrangeiro ( logo a dívida externa ), ajudando a melhorar as nossas classificações internacionais de risco.

Parecem só vantagens? No entanto é possível. Basta querer.

Se nada fizermos. Nada Acontece. O Exemplo é o princípio de tudo.

( este texto foi escrito com a colaboração de um especialista na área de grandes obras públicas internacionais, e a ideia de financiamento foi avançada por um pequeno empresário nacional, com larga experiência
internacional )

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